Prova de água

José Martins | 31-05-2015

Diário de um instruendo (parte ll).
Belo Horizonte, 6a.feira 18 de Fevereiro de 1972

Outra vez na Funda, para mais um dia de instrução. Hoje estou admirado: durante a manhã, apenas se montou emboscada à picada. À tarde, após revista aos sacos-mochila e obrigatoriedade de esvaziamento de toda a água contida nos cantis de cada instruendo, comandei, como exercício, um golpe de mão.
Pelas 18 horas regressámos ao C.I.C.
Ordenaram-nos que deixássemos os sacos-mochila e enchessemos os cantis, coisa impossível, uma vez que das torneiras, previamente fechadas, apenas corria uma ou outra preguiçosa gota de água.
Desconfiado, troquei as botas por umas de lona.
Às 16H15 partimos rumo ao Grafanil, dando-se início a mais uma marcha forçada.
Percorremos, pela parte exterior, a arenosa picada de reconhecimento à cerca de protecção de Luanda.
A marcha concluiu-se pelas 21H 15, no controlo da estrada da Barra do Quanza, próximo ao Morro dos Veados.
Transportados em viaturas, deslocaram-nos até Águas Belas.
Aqui, recebemos água, uma ração de vinho branco, vertido no sujo copo do cantil, e uma esplêndida sandes, formada por meio casqueiro recheado de atum de lata.
À meia-noite, após novos elementos do corpo de instrução terem rendido os anteriores, iniciámos a descida da encosta em direcção ao Atlântico. Começou a "Prova de Água".
(Segue...caso queiram!)

J. Martins (36a. Ccmds)


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